segunda-feira, 11 de maio de 2009

Bondmais

Já explico: "Bondmais" vem de um prato delicioso que servem num restaurante mineiro que tem perto da matriz da empresa que trabalho, em São Paulo. A maioria das comemorações do pessoal lá são nesse restaurante que é uma beleza mesmo. O nome do referido prato é "Bom Demais", mas em mineirês se pronuncia "bondmais", com o "bond" acelerado e o "mais" mais lento. E não é que esse trêm é bondmais mêmo, uai! Bueno, voltando ao gauchês, é tri bom mesmo.

O prato completo consiste em três itens básicos: arroz, batata frita e um filé nadando num molho de nata! Ah, e uma saladinha... (senão a Dra. Sandra briga comigo)

Toda vez que eu vou lá eu penso: hmmmm, e se esse molho de nata tivesse um veneninho? Já pensou um molho intermediário entre a nata e o quatro queijos? Bom, foi o que eu tentei fazer.

Abaixo estão os ingredientes todos:


  • arroz parboilizado (sim, eu prefiro o parboilizado que nunca dá errado)
  • batata pré-frita comprada no super (assumo sem qualquer problema)
  • filé mignon
  • nata (ou creme de leite fresco, é a mesma coisa) - não pode ser o de caixinha!
  • queijo muzzarela
  • queijo parmesão
  • noz moscada
  • leite integral

O Arroz:


Bom, resolvi explicar o arroz porque tem gente que, sei lá, tem medo de cozinha e não se mete nem a fazer um arroz. É barbada, ainda mais com o parboilizado! Olha só: põe um fiozinho de óleo (eu uso o Olivíssimo porque eu acho que ele é mais saudável. Nem sei se é na real... pelo menos eu me engano dizendo que é.) numa panela pequena no fogo médio. Se tu quiser dar uma incrementada no arroz, pode colocar um pouco de cebola picada e alho picado nessa hora, mas não é obrigatório. A maioria das vezes, eu faço arroz sem acessórios. Aí coloca uma medida de arroz na panela pra refogar por pouco tempo, sei lá, um minutinho basta... Depois dessa refogadinha, coloca duas medidas de água na panela. Vai fazer tshhhhhhhhhhhh, mas não te assusta, é assim mesmo, não estragou nada... Foi assim que a minha irmã me disse quando me ensinou a fazer arroz.

A quantidade, claro, varia conforme o número de bocas. Se a medida do arroz cru for uma caneca, três pessoas normais ou dois trogloditas se alimentam bem.

Quando a água levantar uma fervura, abaixa o fogo, põe um punhadinho de sal e corre pro abraço! Quando a água toda secar, tá prontinho! Eu, de vez em quando, dou umas mexidas no arroz pros de baixo vir pra cima e versa vice.

Tem uma mandinga pra finalização do arroz que eu nunca encontrei explicação mas eu sempre faço, via das dúvidas. A "quase simpatia" consiste em tampar bem a panela tão logo o arroz esteja pronto e enrolar bem com um pano de prato (!!!!). Não sei... sempre vi minha vó portuga fazer assim.. Vá que...


A Batata Frita:

Bom, não sei fazer batata frita. É a mais pura verdade. E pior que quase não pretendo aprender porque depois que alguém teve a idéia de pegar as batatas pré-fritas congeladas e colocar no forno, pra quê descascar, cortar e colocar as batatas nadando na graxa e depois comer? Quando eu faço, eu faço "ao forrrrno" (como dizia um garçon carioca perguntado sobre o sabor da lasanha que servia). Comer batata frita na rua é outra coisa. O que os olhos não vêem não aparece no exame de colesterol. Eu não vejo o que o cara fez lá dentro da cozinha, que cor era o óleo, etc... Bom, deixa prá lá. Pra comer batata frita em casa é barbada: vai no super, compra as batatas pré-fritas cortadas congeladas, põe numa travessa de metal, toca dentro do forno e era isso. O maior trabalho é não se queimar quando abrir o forno pra dar uma revirada nelas de vez em quando. Quando elas estiverem moreninhas, tá feito. Leva de vinte minutos a meia hora.


O filé ao molho de nata:

Resolvi não separar em um item "filé" e outro "molho" porque é tudo junto mesmo, apesar de ser uma coisa de cada vez. Bom, primeira coisa, resista a tentação de usar o batedor de bife no filé. É uma heresia, não faça. O tal batedor até tem sua serventia, mas com carnes de patinho pra baixo. Fiz questão de registrar porque tem gente que vai no automático: corta a carne e ! Enche de porrada! Um amigo meu carioca dizia que era mais ou menos assim que eles comiam alcatra: "você compra músculo e dá porrada até ele confessar que é alcatra, aí você come". Não é o caso, definitivamente. E tem mais: filé mignon no Atacadão tá o mesmo preço do guisado no Zaffari.
Depois de não bater na carne, salgue conforme o gosto de quem vai comer. Pode também usar uma pimentinha preta, hmmm. Eu costumo esfregar o sal na carne pra pegar bem. A quantidade de carne, óbvio, varia. Dessa vez, eu considerei dois bifes por pessoa. Ah, como é file, corta os bifes bem grossinhos, tipo um dedo e meio de largo.
Pega aquela panela bem boa pra fritar, coloca um pouco de óleo e deixa esquentar bem. Se começar a sair uma fumacinha, passou da hora, o óleo ficou quente demais. Tira um pouco a panela do fogão se isso acontecer. O esquema é que a panela e o óleo tem que estar bem quentes. Coloca delicadamente a carne na panela. Não atira a carne lá dentro pelamordeDeus. Outra dica importante: não põe toda a carne de uma vez. Isso pode soltar muito suco da carne e fazer ela cozinhar ao invés de fritar. Ah, e ouvi não lembro de quem outra dica: não dá aquele apertão na carne sobre a panela! Isso só tira o suquinho dela, deixando-a seca. Quem disse isso também disse: quando é filé, não fica mexendo muito na carne, frita de um lado, vira, frita de outro e deu.
Depois de fritar toda a carne, a panela vai estar toda sujinha, né? Nem pensar em lavar! Esse sujinho tem um gostinho precioso demais pra disperdiçar. É bem ali que a gente começa com o molho. Espera a panela esfriar um pouco e despeja toda a nata na panela. Deixa o fogo baixo porque devagarinho a nata vai ficando líquida. Ah, detalhe importante: enquanto tu tá fazendo a carne, pica os queijos em pedaços pequenos. Quanto mais duro o queijo, menor precisa ser o pedacinho. Dessa vez, o parmesão que usei era de marca boa e portanto bem durinho. Só que eu não cortei muito pequeno e ele não derreteu direito... Dá pra ver aí nas fotos que não ficou muito legal. Já deu pra imaginar o que é pra fazer com o queijo, né? Claro, derreter na nata. Bah, me deu fome de novo. Vai tocando aos poucos os pedaços de queijo na nata sempre mexendo com uma colher de pau. Os queijos mais duros primeiro. Mas o queijo tem que derreter. Se ficaram muitos pedaços de queijo, levanta o fogo pra derreter mais. Sempre mexendo, põe um pouco de noz moscada pra dar uma corzinha e um perfume. E, claro, com a colher de pau, vai "limpando" a sujeirinha deixada pela carne pra dar gostinho no molho. À medida que o molho vai reduzindo, vai colocando o leite porque o queijo precisa derreter em algo mais pra líquido. É no olho, não tem como dizer a quantidade. Acho que usei talvez um copo e meio de leite, claro, aos pouquinhos. Depois de uns vinte a trinta minutos, o molho deve estar como nessa foto aí... O cheirinho vai estar pra matar! Não dá provinha de molho pra ninguém e coloca a carne (a essa altura já fria) pra nadar, digo, pra esquentar no molho de nata. Quando tu achar que a carne já tá na temperatura do molho, tá pronto. Fica como na foto abaixo. Meio feio, mas delicioso.
Agora só falta dar uma maquiada e servir. Pesca os pedaços de carne da panela e põe numa forma bonitinha, depois despeja tooooooodo o molho por cima, afogando os bifes. Por cima, dá pra colocar um queijinho ralado, mas talvez seja um exagero. É, talvez... Eu coloquei uns pedacinhos do parmesão que não usei no molho...
A apresentação realmente não ficou lá essas coisas, mas o sabor ficou bondmais, segundo os presentes: Clarissa, Pedro, Lígia, Tatinha e eu. Sirva-se!

9 comentários:

BARATA disse...

Ae Jean,

Ao que parece, esse Bondmais nada mais é do que um prato tradicional da culinária alemã chamado Rahnschinitzel (acho que é mais ou menos por aí), que tu pode provar, por exemplo, no Schulas/Schulinhas aqui em POA.
Ah, a receita, como na original do "bondmais", não contém queijos.

Abraço

Maria Rita disse...

AAAAhhhh, esse aí, sem coisitchas do mar, é muito mais meu paladar. Mas coisa triste ver isso perto do meio-dia, quando se tem de comer na cantina do trabalho

Goutas disse...

Carajo, deve ser bom demás mesmo! Algumas coisas nada a ver, no entanto, me chamaram a atenção. Uma delas é o leite Piá em caixinha masculina. Sensacional! Deu até saudades da terra. Coisa de gaúcho que mora longe, heoheohoe. Outra coisa (essa agora é para criar polêmica): o correto é muçarela. Assim, feio mesmo. Abraços!

Minerin di Barbacena disse...

Uai, hômi! Nóis minerin come bem demais, sô! Esse trem aí cheio di quêj dev di sê lôco di gostôs, uai!

Mas o tar de arrôiz parbuzado nóis num aprova aqui em Barbacena, não. Aqui nóis usa rôz branquim, memo.

Cunhada Gotinha disse...

Eu também prefiro o arroz branco (Prato Fino, lógico), bem macio. Sabe quando o grão chega a romper em pontas duplas? (parece comercial de xampu). Lá em casa chamamos de arroz puff.
Quanto à batata, eu trocaria por palha. Acho que ficaria legal o contraste entre a maciez do filé e a crocância da batata-palha.
Estou adorando o blog.
(na chuleada pelo moranguinho do post anterior).

Sandro disse...

Shiii... Sorry, Cunhada Gotinha, mas acho que vou te desapontar... o doce era de MERENGUINHO, não de MORANGUINHO... Mesmo assim, tava um primor!

TatiMatz disse...

Bahhhh!!! Limpar a "sujeirinha" do fundo da panela com a colher de pau deixa outro gosto no molho!!! Se fosse lá em casa, eu ia comer isso com pão, até!

Cunhada Gotinha disse...

ops. mandei mal na letrinha. dedo feio!

luciana souza disse...

não sei o qe é melhor, se as receitas ou os comentários durante o preparo!!!
tudo muito engraçado!!!
Abraços